quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Notícias - Extinta há 32 mil anos, cientistas recriam planta na Rússia

21 de fevereiro de 2012 • 08h59 • atualizado às 09h34 pelo site Terra

Equipe de pesquisadores russos anunciou ter conseguido recriar, a partir do fruto de uma flor encontrada no Ártico, uma espécie de planta que estaria extinta há 32 mil anos. O fruto foi localizado em um toca escondida em um permafrost, na margem do rio Kolyma, nordeste da Sibéria. Totalmente preenchidos com gelo, os sedimentos foram conservados tornando impossível qualquer infiltração de água. As informações são do jornal The New York Times.


A experiência pioneira abre caminho para o renascimento de outras espécies. A stenophylla Silene é a mais antiga espécie a ser regenerada. Pesquisadores canadenses já haviam recriado algumas plantas significativamente mais jovens, a partir de sementes fossilizadas.


O experimento mostra que o permafrost, solo congelado encontrado em latitudes elevadas, serve como um depósito natural de antigas formas de vida, disseram os pesquisadores russos, que publicaram suas descobertas na edição de terça-feira doProceedings of the National Academy of Sciences. "Consideramos que é essencial continuar os estudos do permafrost em busca de um pool genético antigo, o da vida pré-existente, o que, hipoteticamente, já desapareceu da superfície da terra", disseram os cientistas no artigo.


A stenophylla Silene é a planta mais antiga a ser regenerada
Foto: AP 


"A stenophylla Silene é uma planta que se adapta muito bem", disse Svetlana Yashina, coordenadora do projeto, à Associated Press. "Os esquilos cavaram o solo congelado para construir suas tocas, que são aproximadamente do tamanho de uma bola de futebol, colocando em feno e depois peles de animais, tornando uma câmara de armazenamento perfeita", disse Stanislav Gubin, um dos autores do estudo, que passou anos vasculhando a área.


As tocas foram localizadas 38 metros abaixo da superfície, contendo ossos de grandes mamíferos, como mamutes, rinocerontes lanosos, bisões, cavalos e cervos. Gubin também disse que o estudo demonstrou que o tecido pode sobreviver no gelo por dezenas de milhares de anos, abrindo caminho para a ressurreição possível de mamíferos da "Era do Gelo".


Fonte - Terra: 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Notícias - Planta do Cerrado usa folhas subterrâneas para capturar vermes

23 de janeiro de 2012 • 09h37 • atualizado às 10h23



À primeira vista, a Philcoxia minensis parece uma planta delicada, com pequenas flores roxas, galhos finos e aproximadamente 20 cm de altura. Mas, sob a areia branca da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, ela esconde um segredo: folhas grudentas, do tamanho da cabeça de um alfinete, que atraem, capturam e digerem vermes incautos. A descoberta foi descrita na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) por pesquisadores brasileiros, americanos e australianos. As informações são da Agência Fapesp.


A hipótese de que a P. minensis seria uma planta carnívora foi levantada pela primeira vez em 2007 pelo botânico Peter Fritsch, da California Academy of Sciences, nos Estados Unidos. "Fritsch verificou a presença de glândulas colantes nas folhas e um grande número de vermes nematoides aderidos às superfícies foliares. Teve, portanto, uma contribuição-chave para o desenvolvimento teórico do trabalho", afirmou Rafael Oliveira, coordenador do estudo feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), à Agência Fapesp.


O norte-americano, no entanto, não havia conseguido provar que a P. minensis era capaz de digerir suas presas, condição obrigatória para que uma planta seja considerada carnívora. Para testar a teoria, a equipe de Oliveira criou uma colônia de bactérias marcadas com isótopos de nitrogênio. Essas bactérias foram oferecidas como alimento aos vermes, que por sua vez foram oferecidos à planta.





Ao analisar as folhas após o experimento, os cientistas detectaram a presença dos isótopos de nitrogênio, indício de que a planta havia de fato digerido os nematoides e absorvido seus nutrientes. "Além disso, detectamos na superfície das folhas a presença de fosfatases, enzimas que podem digerir os nematoides", contou Oliveira. Isso reforçou a hipótese de que a planta faz todo o trabalho sozinha, sem necessitar de fungos e outros microrganismos para processar suas presas.





Segundo o pesquisador, essa estratégia de captura é única entre as plantas carnívoras e surgiu, provavelmente, graças a uma combinação de fatores. "A Philcoxia ocorre sobre solos de areia muito branca, pobre em nutrientes, mas com abundância de nematoides", contou Oliveira. Além disso, acrescentou, as partículas de areia são translúcidas. Isso possibilita à planta realizar fotossíntese mesmo com as folhas embaixo da terra.

"A radiação solar e a temperatura do ar nesse habitat são muito altas. Já a disponibilidade de água é baixa. Essas condições extremas dificultam a sobrevivência da maioria das plantas, mas podem ter favorecido a seleção desse hábito peculiar da Philcoxia - o posicionamento subterrâneo de folhas", disse.


Além da P. minensis, outras duas espécies compõem o gênero Philcoxia: a P. bahiensis e a P. goiasensis. Todas crescem apenas no Cerrado brasileiro. "A pesquisa foi feita apenas com P. minensis, mas a descoberta deve valer para as duas outras espécies, pois elas compartilham as mesmas características", afirmou Oliveira.

Até então, ressaltaram os cientistas no artigo, não havia evidências de carnivorismo na família Plantaginaceae, à qual pertence a Philcoxia e outras 2 mil espécies. Além disso, o artigo da PNAS é o primeiro a incluir os vermes nematoides entre as vítimas destas plantas.


Fonte - Terra: http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5572183-EI8147,00-Planta+do+Cerrado+usa+folhas+subterraneas+para+capturar+vermes.html