Doações de mudas (histórias)

HISTÓRIA 1: Quase-fábula

Ao final da história que vai abaixo, lembrei-me das fábulas (como as de Esopo). Embora as fábulas sejam narrativas sobre animais, faço aqui a transposição (subversão?) para um novo gênero ao escrever uma quase-fábula. Como o objetivo do fabulista é o de passar um ensinamento, a moral da história associada a sentimentos e comportamentos humanos, assumo também esta finalidade, mas agora escrevendo um tipo de texto caráter crônico que transmite as sensações sobre a relação entre plantas e seres humanos.

Há alguns anos faço mudas para doar a quem queira, entenda-se a "pessoas conhecidas" que, ao nos visitarem (a mim e a minha família), viam-nas pelo quintal e pediam (ou eu as oferecia).

Mas, com o passar do tempo e das muitas germinações, enfrentei um obstáculo: as mudas se acumulavam pelo quintal e já não havia pessoas conhecidas o suficiente. 

Então passei a colocá-las dentro de saquinhos de plástico (já prontas para o transporte) na porta da rua, em cima da calçada, com um aviso colado no muro "Mudas para doação". Foi uma estratégia muito boa, pois em poucas horas elas sumiam da calçada. 

Fiz isso por quatro vezes. Da última vez, devido a correria do dia a dia,  não as coloquei dentro de saquinhos. Demoraram mais a sumirem, e até ficaram lá de um dia para o outro. Pensei: "Deve ser por que estava "mais difícil" de transportar. Insisti e resisti: não fui até lá e as enfiei dentro de saquinhos de plástico. Queria ver até que ponto as pessoas teriam vontade de levá-las, mesmo que desse um mínimo de trabalho. Bom, o final desta história é feliz: elas se foram, mesmo sem os saquinhos, embora tivesse demorado mais. 

Hosamis, em 13/05/2014 [re-editado].